Uma doença “antiga”, conhecida por nossos avós e bisavós, está de volta: a caxumba. Neste ano, a cidade de São Paulo registrou um aumento expressivo de 500%  no número de pessoas acometidas pelo vírus da caxumba. Adolescentes e adultos jovens foram os mais acometidos. Considerando-se que existe uma vacina altamente eficaz, quais seriam as causas deste surto de caxumba? Quais as suas principais complicações? Esclareça suas dúvidas.

– O que é a caxumba?
 
A caxumba é uma doença transmitida por um vírus da família do Paramyxovírus. Este vírus  pode “atacar” a parótida, mais comumente,  e outras  glândulas salivares. A parótida está localizada na região da mandíbula, um pouco abaixo da orelha. Por isso a caxumba também é chamada de “parotidite”. Como temos 2 glândulas parótidas, uma de cada lado, as pessoas podem ter a caxumba de um lado só ou dos dois. Quem teve de um lado só pode ficar tranquilo, pois já está protegido.

– Quais são os sintomas da caxumba?

A caxumba começa com febre, dor de cabeça, dores musculares, desânimo, cansaço, náuseas e dor abaixo da orelha. Mais ou menos um dia depois começa a aparecer o inchaço característico na região da mandíbula. Os gânglios do pescoço em geral aumentam de tamanho e a pessoa tem muita dor nesta região. Dói muito para mastigar. Isso porque a parótida é uma glândula salivar e está toda inflamada. Quando tem que produzir saliva, dói. Alimentos ácidos, que provocam muita salivação, são extremamente desconfortáveis e contraindicados para quem está com caxumba.

– Como se “pega” caxumba?

A caxumba é transmitida pela saliva contaminada e por gotículas de saliva com os vírus  que ficam em suspensão no ar. Por isso deve-se evitar compartilhar talheres, pratos, copos ou respirar muito perto de quem está com caxumba.

– Qual é o período de contagiosidade?

Aí é que está. A pessoa acometida pode estar transmitindo a caxumba (sem saber) uns 3 dias antes dos sintomas começarem. E permanece contagiosa até mais ou menos 7-10 dias depois que os sintomas surgiram. O período de incubação dura de 2 a 3 semanas.

– Existe tratamento para a caxumba?

Não! A doença é causada por um vírus para o qual não há nenhuma terapêutica específica. O tratamento mais importante consiste em uma boa alimentação, hidratação e repouso. Principalmente o repouso, para que o sistema imune utilize nossas energias para  nos defender e evitar as complicações.

– Quais são as complicações da caxumba?

O vírus pode acometer outros órgãos e sistemas e dar meningite, orquite, que é a inflamação dos testículos, a ooforite, que é a inflamação dos ovários, pancreatite, neurite ou até surdez.

– A caxumba pode deixar o homem estéril?

Sim, se os dois testículos forem acometidos de forma importante. Mas isso é muito raro de acontecer.  Quando acontece, é mais comum que seja em apenas um testículo. O testículo bom funciona normalmente e neste caso não há risco de esterilidade.

– Há vacinas para a caxumba? Adultos podem ser vacinados?

Sim. Há vacinas e são extremamente eficazes. Existem duas vacinas: uma que vem junto com a do Sarampo e Rubéola (SCR), chamada de tríplice viral e outra que vem junto com a do Sarampo, Rubéola e Catapora (SCRV), chamada  de tetraviral. Ambas são eficientes. Nas crianças, a primeira dose deve ser dada com 1 ano de idade e um reforço entre 15 meses e 2 anos. Os adultos não vacinados – ou que não souberem se foram ou não vacinados- devem tomar 2 doses, com intervalo de 1 mês entre elas.

– Quem já teve caxumba precisa ser vacinado?

Não. A doença caxumba protege para o resto da vida.

– Por que agora estão aumentando os casos de caxumba?

Muito provavelmente porque quando os atuais adolescentes e adultos jovens eram crianças não estava indicada a dose de reforço. Com o tempo,  a imunidade deles diminuiu. Por isso a dose de reforço é super importante.